10 junho 2003


Tá braba a crise, santa!

”Está faltando homem no mercado e quem tem conserve o seu.”

Você poderia imaginar que o desabafo viria da mulherada. No entanto, a reclamação está vindo dos gays. Isso mesmo. Segundo ele(a)s, homem anda escasso no mercado.

A crise é de tal ordem, que o jornal O Dia de ontem, na primeira página do seu Caderno D (provavelmente a partir de agora, Caderno Dei), estampou a seguinte manchete:

Falta homem até pra homem.

Antes que você, macho-muito-macho “assumido”, desista de ler o restante, fique alegrinho e parta pra disputa, é bom esclarecer que alguns requisitos precisam ser preenchidos. Você não pode usar roupa de grife, gel no cabelo e se depilar (argh!). Na opinião dele(a)s, você acaba tão igual às outras que nem gera atrativos. É o que ele(a)s chamam de estilo “quaquá”...

Outra coisa que você tem que evitar é o estilo perua espalhafatosa. Soltar penas pode provocar alergia em sua(seu) parceira(o). Se você é mais um daqueles sustentados pela mamãe (ou vovó, titia) e que a única coisa dura na sua vida é o fato de não ter dinheiro, você está fora. Ele(a)s não gostam de “pobrinhas” ou “pão com ovo”.

Nem adianta fazer propaganda enganosa. Musculoso, sarado, estilo Barbie não serve. Ele(a)s querem um Ken, não uma Barbie. Como bem disse um dos entrevistados, “se você gosta de homem, vai querer uma mulherzinha na cama”?

Como disse um executivo (ou melhor, executado), isso também não pode acontecer: “Você esbarra com um homão, acha que vai te jogar na cama, e na hora H, se não toma a iniciativa, ficam os dois lixando as unhas.” Se você for assim, pelo menos leve a sua própria nécessaire...

Caso você preencha todos os predicados para poder entrar na coluna ativo dessa contabilidade sexual, lembre-se que já tem um advogado (até nessas horas aparece um) que largou a franga na frente e se colocou à disposição pro que der e vier. Mais pro que der, claro.

Pra finalizar, a matéria foi assinada por uma jornalista com o sugestivo nome de Clarissa Monteagudo. Nada mais adequado.