21 novembro 2002

Novo assalto

Foi criado no Rio de Janeiro um novo estilo de assalto: o assalto a quilo. E eu e um colega de trabalho fomos as primeiras vítimas. Explico.

Ontem, resolvemos almoçar num restaurante a quilo no Edifício Avenida Central, bem no centro do Rio: o Art Station Grill.

O meliante fica localizado no sub-solo do prédio, sem despertar suspeitas. Nenhuma ostentação, decoração simples. Várias pessoas almoçando. Enfim, o clima perfeito pro golpe mortal.

Escolhido e pesado o rango, sento à mesa e após a primeira garfada, resolvo dar uma espiada na nota. Parecia que havia levado um soco na cara. O preço era R$3,69 por cem gramas! Isso mesmo: R$36,90 o quilo!. Esfrega os olhos enquanto eu escrevo de novo. Leia agora: R$36,90 o quilo!

VOTOQUEPARIU!!!!! “Não é possível, tem alguma coisa errada”, penso eu. A balança endoidou, a mocinha digitou errado, sei lá, mas tem que ter uma explicação. Resolvo aguardar a chegada do meu colega. Quando ele chega, ao conferir a nota dele, o golpe de misericórdia: era aquele valor mesmo!

Então foi em coro: VOTOQUEPARIU!!!!!

Recuperado do estado de choque, ele me pergunta, quase em lágrimas:

- Beto, é impressão minha ou a gente está sendo assaltado?
- É... parece que sim... fazemos o quê? Ligamos pro 190, vamos pra DP e levamos o prato pra exame de corpo de delito?”, respondo, tentando amenizar a tragédia.

Depois daquele vácuo temporal que sempre surge nesses momentos, outro baque:

- Beto, tu já viu quanto custa o copinho do mate Leão?, pergunta ele com os olhos esbugalhados.
- Cara, eu não acredito. R$2,70!!! Putz, R$2,70 prum mísero copinho? É roubo... e qualificado!, digo abestalhado.

Como a gente é pobre mas é limpinho, resolvemos não aprontar um escândalo e comer o mais rápido possível pra não sofrer outro tipo de tunga com os docinhos da sobremesa.

Ao pagar a conta (quase levantamos os braços pra cima), na saída do caixa, o meu amigo ainda tenta diminuir o prejuízo, enchendo a mão com aquelas balas que ficam em potes.

Do lado de fora, no caminho de volta pro trabalho, ao pegar uma das balas, o encerramento com chave de ouro: as balas eram uma porcaria. Também pudera. Com o apetitoso nome de “Chita” e um desenho de chimpanzé no papel sobre um fundo amarelo, o almoço só poderia acabar num “mico”...