Volta das férias
Pra quem estava com saudades dela...
Millor, impossível
Oi, gatinhas e gatinhos. Como vocês já devem saber, eu sou Adora Rosnai. Sempre que tenho uma folguinha lá no Caderninho, estou por aqui respondendo dúvidas dos leitores. Hoje, vou esclarecer a razão do meu breve sumiço deste blog.
Sabe, gente, eu andava muito atarefada. Era muita coisa na minha cabeça. Até pra China eu fui. Mas antes que alguém fique dizendo por aí que fui eu quem espalhou o vírus da pneumonia asiática por lá, vou logo esclarecendo que eu até posso passar uns virusinhos de vez em quando, mas somente pelo computador.
Pra não enlouquecer de vez, resolvi tirar umas férias. Comecei pegando uma grana emprestada, a título de comissão pelo apoio dado, com o meu companheiro de outra época, o Heinlito, vencedor do Ibosta 2003. Depois, mandei o Velhor acampar na Bienal do Livro e dei folga pra Paula, a minha foschineira. O problema maior foram os 73 bichanos lá de casa. Uma parte foi para a casa do Vela, outra pra Suipa (provisoriamente, claro, antes que me acusem de politicamente incorreta), uns cinco pra casa das tias do Mauro Rasi em Bauru (cinco a mais não iriam fazer diferença, mesmo) e, com a folgada, ops, folga da foschineira, o restante mandei pra casa dela, porque ela entende a mecânica da ocupação não natural das coisas. Não chamei o Beto Santos pra me acompanhar, pois ainda estou muito magoada com ele. Ah, e pra ter sossego, bloqueei todos os comentários de blogueiros no seu site.
Tudo equacionado, ficou faltando o lugar. Pra onde eu poderia viajar? Como vocês perceberam nas minhas últimas colunas, eu ando pouco inspirada ultimamente. Cheguei ao cúmulo de dizer que estava sem assunto e consegui escrever meia página sem assunto até a última linha. E todo mundo leu pra se certificar que o assunto era sem assunto. Vai entender os leitores.
Recebi algumas sugestões. Buenos Aires, descartei logo. Uma colunista de renome, conhecida internacionalmente como eu, não pode viajar pra um lugar desses. Nem que fosse pra comprar filipetas argentinas e revender na feira hippie de Ipanema, aqui perto de casa. Jamais. Tenho um nome a zelar.
Foto de Adora Rosnai
Como não consegui extorquir, ops, levantar uma boa grana com o Heinlito, decidi ficar por aqui mesmo no Rio e alugar uma laje de um barraco de frente pro Piscinão de Ramos. A dona do cafofo, além de ter feito um preço camarada, incluiu no aluguel dois vale-transportes digrátis pro meu deslocamento de ida-e-volta em uma Van. Pra vocês verem como a dona era legal, ela ainda queria me ceder alguns tickets de alimentação pra serem trocados na churrasqueira móvel que o sobrinho dela desloca nos fins-de-semana da Central do Brasil pra lá. Educadamente, recusei a oferta, pois como é de conhecimento geral, churrasquinho de gato fere os meus princípios felinos. Comprei esteira e geladeira de isopor novos. A barraca, levei uma que eu havia ganhado do Portal Globo.com. Bronzeador, protetor solar e cadeira de praia eu aluguei com um barraqueiro muito legal que fica bem em frente ao muro do Iate Clube de Ramos. Vocês precisavam conhecer o “Tonico 1001”. Dizem que ele tem esse apelido porque a barraca dele tem de tudo que você precisa, ou seja, 1001 utilidades. Eu ainda acho que é porque ele não tem os dois dentões da frente. Enfim, isso não tem muita importância. Pelo menos, por enquanto. Mais tarde eu explico.
Foram dias muito agradáveis. Cada minuto de minhas férias era um flash. O único contratempo ficou por conta da câmara de ar de pneu de caminhão que estourou logo no meu primeiro mergulho, gerando um corre-corre nas areias porque os freqüentadores imaginavam que se tratava de mais um atentado do Comando Vermelho. Também não procedem os maldosos boatos de que eu me encontrava um pouco acima do peso. Ora, vocês hão de concordar comigo que meros vinte quilinhos a mais neste corpinho sarado de uma centena de quilos não poderiam provocar a explosão na minha bóia. Além do mais, ela não foi feita sob medida pra ser utilizada em jamantas?
Socorrida do afogamento, fui levada quase desfalecida por um salva-vidas pra areia. Colocada deitada numa cadeira de praia com ferrugem até na lona, ainda tive um corte no dedo mínimo da mão esquerda quando, por algum erro de fabricação, a lona não resistiu ao meu (lembram?) corpinho sarado. O sangue jorrava. Fui atendida pelo “Tonico 1001” que, incorporando a sua versão “utilidades”, colocou um bandaid no meu dedinho. Felizmente, retornei os sentidos bem a tempo de evitar que ele utilizasse a outra versão do seu apelido (“banguela”), fazendo respiração boca-a-boca...
Como tudo que é bom nessa vida passa rápido, tive que voltar. Busquei o Velhor na Bienal e os gatinhos vou pegar durante a semana. Isso se alguns deles não tiverem virado tamborim. Após ligar pra foshineira avisando que amanhã cedinho ela tem que voltar a ocupar o espaço do quarto de empregada e a mecânica da vassoura, descubro que a primeira mensagem deixada na secretária eletrônica é do editor do jornal. Ele quer que eu vá imediatamente pra São Paulo, assista a pré-estréia do filme “Matrix” e escreva uma crítica.
Vou já, antes que ele mande outro. Escrever sobre um assunto que não tem assunto é comigo, mesmo. Vai dar uma coluna e tanto.
Tchau, gatinhas e gatinhos.