13 junho 2004

Atocha o Rio!

O COB (Comitê Olímpico da Bandidagem) do governo paralelo do Rio de Janeiro, após reunião com o Comando Vermelho e Terceiro Comando, sob o patrocínio da "Coca-Coca" e da "Sanguesung", acaba de divulgar o roteiro do desfile da "Atocha Olhem-a-pica" que percorrerá vários pontos da cidade, em comemoração as "Olimpiadas" que são os atuais governos estadual e municipal. Em todos os momentos do evento, balas perdidas e traçantes saudarão o cortejo.

A solenidade começa no Presídio Ary Franco, onde Escadinha desce de helicóptero no pátio central e a (des)governadora HorroRosinha recebe "atocha" pela porta dos fundos (do presídio, claro!) das mãos do velho bandido.

O símbolo será entregue a Elias Maluco e segue para o topo do Morro do Alemão num bonde-do-mal, acendendo o novo "microondas" lá instalado.

Saudada por salvas de tiros de metralhadoras de uso privativo das Forças Armadas, a "atocha olhem-a-pica" passa para as mãos de parentes do Uê, pega as Linhas Amarela e Vermelha (de uso exclusivo da bandidagem), passa pelo Complexo da Maré (fechando a Avenida Brasil por alguns minutos) e se encaminha para a Casa de Custódia de Benfica, onde, após uma rebelião festiva dos presos, será entregue a um dos subornados guardas do plantão e sairá tranqüilamente por um buraco feito na parede.

Em continuação ao desfile, agora nas mãos de Celsinho da Vila Vintém, ela tentará chegar ao Complexo Penitenciário Frei Caneca escondida dentro da vagina da mulher de um preso que se dirige para uma visita íntima e será desmascarada por causa dos múltiplos orgasmos sentidos bem na hora em que atravessa o portão principal. No entanto, os ciosos e vigilantes (e mais uma vez subornados) guardas do presídio fecharão os olhos e deixarão o símbolo continuar a sua peregrinação.

Neste momento, já nas mãos de Silveirinha, o cortejo passa pela porta da Prefeitura do Rio, sobe até o andar da Inspetoria de Fazenda, pega a sua parte e segue a sua empreitada.

Na boléia de um caminhão, "atocha olhem-a-pica" invade o muro da Polinter no centro do Rio, resgata um preso qualquer de nível superior (homenagem da bandidagem ao detento anônimo) e se dirige pra Secretaria de (In)Segurança Pública, onde o secretário Pivetinho a aguarda.

Assim que a recebe, Pivetinho diz que não tem nada com isso, que isso é coisa Benedita e a repassa imediatamente para um Pastor. Este, depois de negociar um dízimo, a entrega para mais um grupo de meliantes.

O último trecho é percorrido por policiais militares e civis expulsos das respectivas corporações em dezenas de carros especialmente comprados para a ocasião, em direção aos presídios de Bangu I e outro monte de algarismos romanos.

No Complexo de Bangu, Fernandinho Beira-Mar, o grande homenageado do evento, aguarda numa cela de segurança máxima a chegada da "atocha olhem-a-pica" para, ao som de "A-ha, u-hu, o Rio é nosso!" cantado pelos prisioneiros, entregá-la ao prefeito César Maia e a governadora HorroRosinha, para que tenham espírito olímpico e façam um bom uso dela.

Afinal, o que todos os cariocas mais desejam para os nossos estimados governantes é apenas isso: "Atocha" neles!

A assessoria de imprensa da bandidagem esclarece o seguinte:

1) "Atocha" não vai passar pela Assembléia Legislativa e Câmara do Vereadores porque os organizadores entendem que os carregadores relacionados já homenageiam suficientemente os nobres parlamentares.

2) Apesar de prevista uma passagem pela favela da Rocinha, o crime organizado mudou de idéia por causa da ausência momentânea do "Dudu da Rocinha", carregador destacada para aquele trecho.

3) O show de encerramento com o cantor Belo está confirmado. O local será divulgado cerca de uma hora antes para se evitar conflitos porque no show haverá farta distribuição gratuita de "tênis AR-15".

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